(In)visibilidade da violência contra as mulheres na saúde mental / (In)visibility of violence against women in mental health

RESUMO O objetivo deste estudo foi realizar um levantamento acerca da percepção, crenças e conhecimentos sobre violência contra as mulheres e políticas públicas em profissionais de saúde mental. Foram realizadas 12 entrevistas e, a partir da análise de seus conteúdos, foram criadas cinco categorias: “percepção das demandas apresentadas por homens e mulheres”, “experiência no atendimento a mulheres que sofreram violência”, “relação entre violência e saúde mental”, “conhecimento sobre a Lei Maria da Penha e políticas públicas para as mulheres” e “(des)conhecimento da notificação compulsória da violência contra as mulheres”. Os profissionais apresentaram dificuldade para lidar com o tema, principalmente relacionada à notificação da violência e ao encaminhamento do caso. A atuação é baseada na intuição e não em conhecimentos teórico práticos.

ABSTRACT The aim of this study was to analyze the perception, beliefs and knowledge of mental health professionals about violence against women and public policies related to this issue. To accomplish this objective, 12 interviews were carried out. Based on data analysis, five themes were proposed: “perception of demands presented by women and men”, “experience in providing care to women victims of violence”, “link between violence and mental health”, “knowledge about the Maria da Penha Law and women-centered public policies”, “(Lack of) knowledge about the compulsory notification of violence against women”. Professionals had difficulties dealing with these themes, especially related to addressing and notifying violence. Their practices are based on their intuition rather than on theoretical and practical knowledge.

Percepção de mulheres com relação à ocorrência de sífilis congênita em seus conceptos / Women's perception of the occurrence of congenital syphilis in their offspring

O estudo teve como objetivo analisar a percepção de mulheres que realizaram consulta pré-natal, em relação à ocorrência de sífilis congênita. Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa. Utilizou-se, como instrumento de coleta de dados, a entrevista semiestruturada. As mulheres foram selecionadas mediante dois critérios: realização do pré-natal, e ocorrência de conceptos portadores de sífilis congênita, identificados através da ficha do SINAN (Sis-tema de Notificação de Agravos). A coleta de dados foi interrompida quando ocorreu a saturação de informação. Entrevistaram-se 11 mulheres e, a partir da análise narrativa de conteúdo, criaram-se três categorias: a percepção materna sobre a transmissão da sífilis; a assistência ao ciclo gravídico puerperal e sua influência no conhecimento sobre a sífilis; a doença e o sofrimento materno. As mulheres responsabilizaram os seus parceiros, a assistência pré-natal e a si mesmas pela ocorrência da doença. O acometimento da doença nas crianças produziu angústia, dor e sofrimento. Os achados obtidos permitiram sugerir que há uma lacuna na qualidade da assistência pré-natal, no que diz respeito à difusão de conhecimentos. A pobreza, o baixo nível de escolaridade e o desconhecimento sobre a doença apontam para a necessidade de reformular a abordagem das mulheres sobre as DSTïs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). É necessário maior investimento em políticas estruturantes que contribuam com a redução da pobreza. Do ponto de vista setorial, é fundamental a implementação de medidas que tornem as condições de assistência pré-natal mais adequadas.

The study aimed to examine the perception of women who received antenatal care in relation to the occurrence of congenital syphilis. This is a descriptive qualitative study. A semi structured interview was used for data collection. The inclusion criteria selected women who: had completed antenatal care, and had given birth to offspring affected with congenital syphilis, the latter identified through the System for Injury Notification (Sistema de Notificação de Agravos - SINAN). Data collection was stopped when there was a saturation of information. 11 women were interviewed, and narrative content analysis identified three categories: perception of the maternal transmission of syphilis, antenatal care and its influence on knowledge about syphilis, and maternal illness and suffering. Women blamed their partners, antenatal care and themselves for the occurrence of the disease. The presence of the disease in the children produced anguish, pain and suffering. The findings suggest that there is a gap in the quality of antenatal care, as regards the dissemination of knowledge. Poverty, low level of education and ignorance about the disease point to the need to reformulate the approach to women`s education about STD?s. More investment is needed to structure policies that contribute to poverty reduction. It is essential to implement measures to make antenatal care more appropriate.